Agenda Cultural :


Meus queridos, se numa destas noites de verão não tiverem que fazer, aproveitem os concertos que o Casino Estoril oferece no palco Du Arte Garden que se realizam até fins de setembro. Rui Veloso e Pedro Abrunhosa já foram, este ultimo pude ver e foi óptimo ;), mas ainda vão actuar a Mafalda Veiga, Jorge Palma, the Gift entre outros.

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A cúmplice a tornar menos aborrecidos os vossos serões “,
Há coisas que nunca mudam...


Entro pela porta do restaurante, atrasada o suficiente para ninguém sequer prever o momento da minha chegada (sempre gostei de entradas triunfais), e por momentos paro antes de ser vista e olho-os a todos ao longe: estão mais velhos (assim como eu devo estar) , afinal passou-se um ano e alguns meses desde a ultima vez que os vi...o Luís quase sem cabelo, a Mónica toda embonecada, a Covas que, pelas minhas contas, deve ir na milésima cor e corte de cabelo, os professores...também tinha saudades deles. Até que alguém me vê e grita - “Andreia!” - pelo que disparo em câmara lenta na direcção do emaranhado de braços que se estendem na minha direcção. É a minha turma, a única que tive, que foi família e guarida vezes sem conta, e continua a ser...Esta é a minha visão meio poética das coisas, porque nem sempre foi assim, momentos maus também houveram mas, não são os bons que fazem a diferença? E esses foram realmente memoráveis. Recordo-os com saudade, desde a Paris que visitamos incrédulos, aos intervalos musicais tocados pelo Tiago e pelo Almeida...
Passada a emoção inicial, típica dos reencontros, saltito de cadeira em cadeira, faço questão de um tratamento personalizado, dou um beijinho a cada um porque gosto que sintam a genuinidade no meu olhar e no meu “Está tudo bem contigo”. Estou em casa! É assim que me sinto e há coisas que nunca mudam: o abraço do Luís sim, não mudou nem um bocadinho, estás mais alto só isso, e o queixo que punhas sobre a minha cabeça já fica uns centímetros acima do que era habitual; o Tiago, tinha saudades da tua voz vê lá, e nem te ouvi cantar desta vez, mas vi o teu sorriso e continua radiante como sempre; a professora Margarida e a professora Fernanda, tão adoráveis, “As minhas queridas professoras” nunca eide ser capaz de deixar de as tratar assim; a Carina, como eu gosto de ti miúda, eu sei que sabes disso e também continuas igual, tímida mas com uma energia interior inexplicável (estás-me a dever uma saída) e...peço desculpa por não vos enumerar a todos seria uma bíblia de lamechices e tenho a certeza que sabem o que significam para mim.
Fica a saudade, porque ela é eterna, bem como são os momentos que passamos juntos.

Com muita amizade*
Nem de propósito...


Meu Amor...


...dizes-me assim devagar, baixinho ao ouvido enquanto deliciosamente enrolas a língua e deslizas por mim a fora numa ansiedade infantil que o teu olhar não esconde, não a mim que te conheço desde sempre, desde o meu sonho, esse em que te sonhei perfeito, completo, igual ao que és, ao que eu sou, lembras-te? Eu sei que sim, também sonhavas comigo, e oferecias-me “Beijos” em forma de dedal, e comíamos gelado ao lanche, ao pequeno almoço e ficávamos horas a dizer o tudo e o nada que só nós compreendemos. Eu sonhava com o teu sorriso, sonhava que era do tamanho da lua e nunca pensei que fosse tão grande...Agora, brilhante astronauta que me tornei, trepo por ti acima com uma facilidade a desafiar a gravidade, a desafiar os teus braços enquanto me “acerco a ti” e te envolvo entre as minhas pernas com a pouca força que me resta...

"Ay,
abrázame esta noche
aunque no tengas ganas
...acércate a mí
abrázame a ti por Dios
entrégate a mis brazos."

Rodrigo leão-Pasion

Another tip for the future :


"Understand that friends come and go, but with the precious few you should hold on. "
Baz Luhrman- Sunscreen


Tenho bons amigos, a maior parte distantes no tempo e no espaço, e é engraçado como mesmo assim o sentimento se mantém, bem como a certeza de que entre nós, há qualquer coisa genuína que faz com que cumplicidade nunca se perca pela distancia, mesmo passados dias, meses, anos...
Lembro-me de, na escola primária, escrever uma composição sobre “O que é ser amigo?” que entre outras coisas dizia:

Ser amigo é:
- Fazer sorrir;
- Deixar chorar;
- Estar presente nos maus momentos;
- Partilhar os bons;
- Ouvir ;
- Ser ouvido;
- Gostar por gostar...

E com 9 anos resumi a amizade em poucas linhas como gente crescida. Nessa altura, bastava jogar ao berlinde, ou trocar de bonecas para se ser “Os melhores amigos”. Mas já nesse tempo era exigente: emprestava a minha melhor boneca na esperança que fizessem o mesmo comigo, e não interessava se era mais velha ou mais feia que a minha, desde que fosse a melhor...ainda hoje sou assim, entrego-me no melhor que sei e espero o mesmo , nem mais nem menos...E por essa razão fico triste quando tal não acontecesse, quando sou apenas eu a dar , fico triste mas não tenho pena, porque amizades fúteis e inconsistentes “Não, obrigada”
*.



Pontual, como sempre, vejo-te chegar da janela. Contrariamente ao que me é característico despacho-me antes da hora só para ter ver chegar, e atraso-me, atraso-me de propósito quando consigo conter a ansiedade, 5 minutos, o ideal seriam 10 mas no meu relógio biológico os 5 min são uma eternidade medida pelo o som do ponteiro a cada minuto que passa. Desço as escadas devagar, saboreio a cada passo o doce nervosismo que ainda hoje me arrepia a pele segundos, minutos, e as vezes horas antes de ir ter contigo. Abro a pesada porta do carro, sento-me ao teu lado e sim...o mundo pára. “Nunca damos dois beijos porque é um cliché parvo, mas tiras-me o ar” e a partir desse momento é Outono no teu carro e onde quer que estejamos, e as folhas estalam debaixo dos meus e teus, dos nossos pés, e a chuvinha cai sobre nós...
Detesto o regresso a casa, bem como a avenida que percorremos a 20 à hora mas o Ben Harper, o Jack Johnson e o teu ombro tornam tudo menos difícil, e até agradável de suportar. Deixas-me à porta de casa, para ti é bem mais cómodo, só tens de me ver partir , mas cabe-me a mim abrir e pior, fechar a pesada porta do carro, e não são as forças que me faltam...Subo as escadas, mais devagar ainda do que quando as desci e desta vez é a saudade imediata que saboreio e que me conduz à cama num flutuar reconfortante que me adormece calma e serena junto à tua, à minha, à nossa lembrança.
“Há uma energia ética nos funerais . Um desespero pelo bem que lança pó de estrelas no olhos e apaga os pequenos ressentimentos quotidianos. Amanhã voltaremos a invejar-nos uns aos outros. A maldizer o próximo pela calada. A trair grandes amigos em pequenos cafés de negócios . A ser bonzinhos só de vez em quando. Mas amanha não estarás cá tu para gritam que esse “de vez em quando” é que importa. Amanhã não estarás cá tu para limpar o pó à humanidade e persistir na cintilação das almas”

in Fazes-me Falta , Inês Pedrosa


Dou comigo a pensar neste excerto vezes sem conta e só consigo ver verdade nas palavras...Já tinham pensado nisto? Em como os funerais nos apagam do mundo e por momentos nos fazem pensar em como a vida deve ser preservada e saboreada da melhor maneira? Em alturas como esta pergunto-me porque insistimos em dar importância a mediocridades tais como preconceitos, sentimentos de superioridade , todo esse lote enorme de desculpas estúpidas para não vivermos em paz ...porque é que insistimos em não sermos felizes?

Só me consigo lembrar das palavras do grande Bob Marley “Let's get together and feel all right”