O tempo não sabe nada.

Devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgávamos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

(...)

José Luis Peixoto; "Explicação da eternidade", in A casa a Escuridão
"2011 Parte II" ou "My own new year's Resolution"


21h, saio apressada do hospital, aceno um “adeus” ao segurança que me retribui com o mesmo sorriso de todas as noites. Saio apressada porque vou ter com ele, o carro espera-me no “sitio do costume”. Está a chover, sento-me no carro e encharco a baquet que carinhosamente apelido de “sala” e, antes que da minha boca saia alguma palavra, abraça-me como se não me visse há anos. Abraça-me com força, tanta força que do emaranhado de dois braços (que parecem mil) a envolver-me consigo dizer “Amor, falta-me o ar! ” “e tu faltas-me a mim…” diz desavergonhado com o sorriso habitual. É o meu moreno, cabelo castanho, despenteado, com o esboço de alguns caracóis a desafiarem-me os dedos a entrelaçarem-se neles. Temos os nossos rituais, os nossos lugares, somos no anonimato aquilo que muitos fingem ser publicamente com a diferença, que ambos sabemos que o romantismo é, como diz o Fernando pessoa “como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão.” Somos felizes porque somos livres, desprendidos há muito de expectativas que não sendo falsas, têm tanto de verdadeiro quanto o tempo tem. Não fazemos promessas nem juras de amor, mas quando nos perguntam “como vai ser amanhã?” respondemos quase em uníssono “não sabemos, mas gostamos muito de estar um com o outro” e é tudo quanto nos basta agora. Ele conhece-me melhor que ninguém e eu a ele. É diferente mas (tão) igual a mim, perspicaz, inteligente, interessado e sempre, sempre bem-disposto a desafiar o mundo com um sorriso infantil. É o meu companheiro de todos os crimes, de todas as horas. Compactua com os meus devaneios nocturnos e acrescenta sempre algum peru-menor importantíssimo. Somos a dupla quase perfeita de assassinos, de ladrões e juntos cometemos os delitos mais sórdidos, como: comer uma dúzia de pastéis de Belém de uma vez ou percorrer Lisboa inteira em busca do local ideal para fotografar numa tarde. Temos fases como a lua “Fases de andar escondida, fases de vir para a rua (…) Tenho fases de ser tua, tenho outras de ser sozinha ” mas o amor, ou o que quer que seja que nos faz gostar de estar um com o outro, é sempre mais forte e quando não for, é porque não tinha que ser… Somos meio-principes-meio-sapos, e de todas, esta é a nossa maior virtude. Aprendemos a viver disfarçados e, apesar de compreendermos todo o funcionamento deste ecossistema de sapos grandes, mantemo-nos fiéis a nós, à criação e àquilo que acreditamos ser, não o correcto ou o errado, mas o verdadeiro nos nossos corações.


Façam as vossas resoluções para o Ano que aí vem, esta pode ser "A minha resolução" ou apenas um devaneio.

Feliz Ano Novo queridos cúmplices ;)
Das tripas coração


O coração é um animal selvagem
e não há quem consiga domesticá-lo.
Os sonhadores


Today my heart swings diz:
Bom dia!
Today my heart swings diZ:
esses sonhos?
Miss diz:
não sonhei...
Miss diz:
sonho demasiado durante o dia, tiro as noites para descansar ;)
(...)
Today my heart swings diz:
os sonhadores? nunca viste? é um bom filme para ti
Miss diz:
ja me falas-te nele…
Today my heart swings diz:
É sobre 3 jovens que se conhecem por alturas do maio de 68 em paris, tds adoravam cinema e gostavam de fazer jogos, charadas ou mimica dos films
Miss diz:
uma conjugaçao gira, cinema, paris, charadas hummm…
~


Fica a sugestão para uma tarde de outono.