Daqui, de onde te escrevo, de onde morre um coração...

...morro aos poucos, devagar pelo o Outono, por cada folha que cai inerte no chão e tu sem aparecer. Morro, morro, morro por dentro, por fora, pelos lados. É outono lá fora e cá dentro também. Arrancaste-me a Primavera do corpo, o Verão da epiderme e agora não sei o que vai ser de mim.
Por isso volta, volta para o energumero de onde nunca devias ter saído, para o qual nunca me devias ter levado. Porque (às vezes, só às vezes) dói. Dói tanto a ausência. Não a tua, mas a desse lugar. E agora, todos os lugares são iguais e nenhum se assemelha de longe ao lugar onde fiquei, onde o tempo parou e o mundo se perdeu. E se a perda é um golpe duro, o crescimento é um processo doloroso e dizer Adeus um sacrifício. Custa-me o fim. Do que quer que seja.. Custa-me mudar, custam-me mudanças. Mas a sobrevivência é uma urgência implacável, e é inequívoco que o mundo avança sem nós, se pelos abismos nos demoramos.
Por isso, daqui, de onde te escrevo, de onde morre um coração, pudesse eu parar os teus olhos, para neles parar os meus e dizer-te que, melhor que todas as paixões, conhecer-te foi tanto mais.
Tanto.