Obrigado por saberes cuidar de mim, tratar de mim, olhar pra mim, escutar quem sou... Isso ao menos tudo fosse igual a ti...
Eu sei o que é sentir o teu amor, eu sei o que é sentir...e é tão fácil de entender

É o amor .




Adaptado : the Gift- Fácil de Entender
Lisboa outra e outra vez


Sentada, de pés descalços sobre o banco do carro onde há uma hora e meia viajo ansiosa pela chegada, perco-me na paisagem que incessantemente corre lá fora sobre o tapete de alcatrão cinzento. É bom estar de volta e ver ao longe as luzes da minha cidade. Tinha saudades Dela, de a ver assim, bela adormecida sobre o rio, de vestido escuro noite estrelada e cigarrilha a esfumaçar-se em nevoeiro por entre as 7 colinas...
E os ferris ! daqui não os vejo, mas imagino-os ligeiros sobre as águas que a madrugada acalma. Também tenho saudades deles, do último que parte do cais a flutuar sobre a noite com a brisa a arrepiar a alma e a pele de quem nele viaja apaixonado...Daqui não vejo os ferris, mas vejo a Ponte brilhar cintilante, qual constelação estendida entre margens...É impossível não gostar Dela, mas eu sou suspeita, vejo-a para além da cidade: vejo os passos nas calçadas, os livros nas livrarias, o vinil em segunda mão tocar embriagado num gira-discos à janela, o cheiro do chá que ficou por beber naquela noite, e oiço os trovadores pelas ruas, a cantar canções que poucos entendem , é pra eles que as cantam em banda sonora boémia de uma curta metragem, tão curta quanto a noite que passa a correr até o ultimo ferri chegar outra vez...Na minha cidade tudo é luz, magia e paixão e tudo me lembra de ti !


24/08/05- Escrito em viagem
Eu já volto...

Pois é, depois do Sudoeste, Montargil...vou-me ausentar novamente desta vez para a minha amável casinha de campo perto da barragem de Montargil. Uma vez mais a mala está feita à porta de casa à minha espera, à espera que pegue nela e a leve comigo para a voltar a encher de recordações...Não me vou alongar mais, tenho a Mãe aos berros “Andreia Sofia despacha-te”, só queria deixar-vos noticias de para onde vai a Cúmplice para que não pensassem que vos abandonei. Na minha ausência, vejam se me surpreendem...o blog está à disposição ;)

PS (mais de agenda cultural): Entretanto aproveitem os concertos do centro comercial Vasco da Gama que tem um cartaz interessante.
Ontem foi Mario Laginha e foste, perdão, foi maravilhoso...
Estar de volta...


Olho para o chão e a mochila ainda lá está intacta. Como eu, até ela parece ter um aspecto cansado: por fora repleta de pó e ervas da Herdade da Casa Branca; por dentro, a carregar quatro dias de recordações que me vão ficar para sempre marcadas na “alma e na pele”. Como uma despedida, desfazer a mochila deixa-me nostálgica, encontrar por lá espalhados vestígios do que foram estes últimos dias e ter de os arrumar na memória; encontrar vestígios de ti por entre a areia fina da praia “do costume” onde nos espojamos todas as tardes de olhos fechados a receber do sol a energia que a noite nos roubava e até a escova de dentes que usavas para esfregar o sorriso que eu tanto adoro...deixam-me imediatamente com saudades.
Esta noite dormi como há muito não o fazia, confortavelmente aninhada à almofada que a custo tento imaginar que és tu...mas ela não tem mãos que eu possa agarrar contra o meu peito, nem me fala ao ouvido com um timbre que me embriaga e embala enquanto adormeço. Dormi como há muito não o fazia mas acordei exactamente à hora que na Herdade da Casa Branca já se tornara habitual: quando o sol começava a aquecer e nas tendas o calor era suficiente para nos arrancar dos sacos cama, para me arrancar de ao pé de ti e para acordar o “porco ressonador” do acampamento vizinho que se silenciava com o amanhecer e os “índios” (parecia o circo do futuro mas sem cabras da Malásia -private joke) que voltavam a gritar em sinal de alvorada. Foi uma rotina que rapidamente se entranhou nos nossos corpos que resistência nenhuma lhe fizeram, a não ser aquando do banho gelado... Entranhou-se de tal maneira que agora, ao sentar-me na cadeira do computador, que há dias parecia ter a minha forma, estranho, bem como a todos esses luxos citadinos dos quais enquanto lá estive nem falta senti...mas quem precisa de televisão quando se tem o “lusco-fusco” =Þ ,quem precisa de rádio quando a musica circula pelo ar em concertos simultâneos , quem precisa de computador quando a companhia é a ideal?...