De vez em quando, como em quase todos os assuntos neste país do faz-de-conta, quando nos media é revelada alguma situação flagrante, resultante do deixa andar, debate-se muito, conversa-se muito para depois cair tudo novamente no esquecimento público até nova fornada. Digamos que somos um país de modinhas. Há bem pouco tempo, o assunto era a nova lei do tabaco e agora, a violência nas escolas.
A minha mãe, educadora de infância há 30 e muitos anos, costuma dizer: “Educar é preparar para a vida. E a vida tem coisas boas e más”. O que se passa, a meu ver, é que os educadores de hoje, pais, professores etc têm medo de contrariar, dá-se tudo, fazem-se as vontades todas aos meninos. Se o menino não quer comer a sopa não come, porque realmente dá muito trabalho ficar ali a contar histórias e a insistir. Ou seja, os meninos não são contrariados e temos jovens que não sabem gerir as coisas boas da vida, muito menos as más.
Penso que o segredo estará em impor respeito na vez de medo. E a diferença entre um e outro é muito ténue e acredito que muito difícil de alcançar. Difícil mas não impossível porque, se bem me recordo das minhas aulas do básico e secundário, sempre houve conversas murmuradas (algumas bem alto já), sempre houve papelinhos a passar discretamente de carteira em carteira (obviamente que quando as aulas passaram de 60min para 90min a coisa piorou porque nem um adulto consegue estar tanto tempo a prestar atenção, quanto mais nós, no fulgor da adolescência) mas nunca se viram faltas de respeito tão graves como estas que se ouvem falar actualmente. A questão é, o que é que mudou? Penso que foi esse o assunto debatido ontem, no prós e contras. Não sei a que conclusões chegaram mas, quanto a mim, que pouco ou nada sei destas questões da educação, aquilo que acontece nas escolas é o reflexo do que se passa fora delas. Ou seja, temos crianças cujas distracções são a televisão, os jogos de computador e a internet e até aqui nada contra. O problema é serem as únicas distracções. Por outro lado e a juntar a isto, o facto de não terem pais, como a minha mãe, que assim que me via demasiado tempo ao computador dizia “Andreia, não tens mais nada para fazer? Vai ler um livro, vai tocar piano”. Algumas vezes ia, outras nem por isso. Mas, ainda que poucas, são essas vezes que talvez façam a diferença não só nesta questão da violência como noutras questões sociais, culturais, etc. Actividades como a leitura, tocar um instrumento, o desporto, os escuteiros (já sei que esta vai provocar risinhos) ou qualquer outra actividade desde género directa ou indirectamente promove a disciplina, a concentração e acima de tudo a abstracção desses hábitos de última geração. Já para não falar que teríamos miúdos com outros interesses e mais auto-didactas em áreas mais distintas e não este rebanho de morangos com açúcar.
Não quero com isto apontar o dedo aos pais (pelo menos não aos que realmente tentam educar os seus filhos e têm a consciência que o futuro deles depende) mas, ainda que hajam factores impossiveis de modificar,primeiramente, a grande batata quente está nas suas mãos.
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