“...tu cabes dentro de mim”


As vezes olho para ti e vejo-te do tamanho de um dedal...pequenino, mais pequenino do que eu, de olhos arregalados com essas linhas semi-transperantes que te circundam a irís e onde me encontro quando te demoras sobre o meu rosto...Ás vezes olho para ti e vejo-te do tamanho de um rebuçado, quando bebes a água fresca e dizes acriançado que “gostas tanto de água”, quando me agarras pela cintura e elevas no ar a deitar a lingua de fora à gravidade...a gravidade, a matemática, a química, a física quântica, nada faz sentido ao pé de ti, desafias o mundo com uma audácia indecente...indecente, “não tens vergonha nenhuma” dizes-me, “e tu também não” digo-te, vamos para o inferno, mas vamos juntos e ao menos está quentinho, “bem passadinho” como nós gostamos...Ás vezes olho para ti e vejo-te como se nascido de uma bola de sabão, vais onde o vento te levar ; e vejo-me como se nascida da espuma da praia, vou onde a maré me deixar, eu voou contigo e tu viajas comigo, qual conto imaginário da minha sophia onde cresci e me fiz criança...criança é o que tu és e como me fazes sentir quando damos as mãos e encolhemos e o mundo cresce, um mundo perdido onde as horas são nossas, a chuvinha cai e não há limites...limites, não os temos, “para o infinito e mais além” gritas enquanto eu, co-piloto nos dirijo “seja lá para onde isso for”, nem interessa (do inferno já não escapamos mesmo)...Ás vezes olho para ti e vejo-te do tamanho de um botão , como se ao agarrar-te coubesses na minha mão...e cabes, cabes tão direitinho na palma da minha mão...e eu melhor ainda dentro da tua.

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