Estar de volta...
Olho para o chão e a mochila ainda lá está intacta. Como eu, até ela parece ter um aspecto cansado: por fora repleta de pó e ervas da Herdade da Casa Branca; por dentro, a carregar quatro dias de recordações que me vão ficar para sempre marcadas na “alma e na pele”. Como uma despedida, desfazer a mochila deixa-me nostálgica, encontrar por lá espalhados vestígios do que foram estes últimos dias e ter de os arrumar na memória; encontrar vestígios de ti por entre a areia fina da praia “do costume” onde nos espojamos todas as tardes de olhos fechados a receber do sol a energia que a noite nos roubava e até a escova de dentes que usavas para esfregar o sorriso que eu tanto adoro...deixam-me imediatamente com saudades.
Esta noite dormi como há muito não o fazia, confortavelmente aninhada à almofada que a custo tento imaginar que és tu...mas ela não tem mãos que eu possa agarrar contra o meu peito, nem me fala ao ouvido com um timbre que me embriaga e embala enquanto adormeço. Dormi como há muito não o fazia mas acordei exactamente à hora que na Herdade da Casa Branca já se tornara habitual: quando o sol começava a aquecer e nas tendas o calor era suficiente para nos arrancar dos sacos cama, para me arrancar de ao pé de ti e para acordar o “porco ressonador” do acampamento vizinho que se silenciava com o amanhecer e os “índios” (parecia o circo do futuro mas sem cabras da Malásia -private joke) que voltavam a gritar em sinal de alvorada. Foi uma rotina que rapidamente se entranhou nos nossos corpos que resistência nenhuma lhe fizeram, a não ser aquando do banho gelado... Entranhou-se de tal maneira que agora, ao sentar-me na cadeira do computador, que há dias parecia ter a minha forma, estranho, bem como a todos esses luxos citadinos dos quais enquanto lá estive nem falta senti...mas quem precisa de televisão quando se tem o “lusco-fusco” =Þ ,quem precisa de rádio quando a musica circula pelo ar em concertos simultâneos , quem precisa de computador quando a companhia é a ideal?...
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