Fragilidade...

Pouco a pouco perco a entrepidez, sucumbo à falta de força e vontade de olhar.
Entrego-me ao desígnio...
Sozinha, encurralada entre quatro sufocantes paredes que me tiram os sentidos e arrancam o animo, aqui choro afastada do mundo para não molhar a terra com minhas lagrimas amarguradamente salgadas. São como o mar, avançam pela a praia trazendo a espuma dos dias em partes indefinidas do passado que persiste e desaparece apenas quando a maré vaza, acabando por regressar sempre que a lua se move no infinito arrastando com ela todo o universo.
Entrego-me à loucura...
Faço dos meus gestos meros movimentos inexpressivos, desesperadamente elaborados com a animosidade característica da solidão.
Grito em silencio para ninguém ouvir meus prantos ensandecidos, falo, digo tudo o que nunca diria se aqui não se estivesse fechada engolindo meus soluços ácidos. ..
Já não guardo rancor, nem ódio, nem raiva, apenas o vazio da indiferença e saudade, muita saudade de aguas passadas...essas a maré não traz mais, essas lá ficam desvanecidas na infusão do sal.
Entrego-me ao Medo...
Encolho-me amedrontada, abraço-me cravando os dedos enraivecidos em mim tentando extrair da pele a dor mas ela é forte, as vezes muito mais que eu...Tatuou-se a frio no meu corpo dilacerado que tranquiliza á noite com o som viciante da escuridão...
Entrego-me à incúria...
Olho para o chão despido como se nele fosse encontrar alguma coisa para alem da desarrumação de sonhos que se vão acumulando, acabando alguns por desvanecer no pó depositado pelo o tempo.
Tão bom pudesse o tempo parar e encharcar-me de azul e de longe” mas ele foge. É uma criança turbulenta que corre a pés descalços sem nunca se cansar e só pára quando lhe viram o olhar...

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