Acordar de manhã sem saber onde irá terminar o dia, conhecer novas pessoas, combinar saídas à última hora com amigos “porque a última é sempre a melhor hora para se combinar seja o que for”…não é de hoje o meu gosto pelo inesperado, e é fácil de entender porquê. É bom sentir que as coisas estão sempre a correr, não há tempo para pensar no que vem a seguir, e as expectativas não se chegam sequer a formar na minha cabeça e no meu coração sedentos de emoção. Como diz o Jorge palma “Para quê fazer (grandes) projectos, quando sai tudo ao contrário?”. Mas se há dias em que acordo com este sentir, também os há em que dou comigo a saborear os pequenos momentos que, inintencionalmente, se foram instalando nos meus dias, sem que os deixasse de saborear intensamente. O café que tomo como a minha mãe aos fins-de-semana, as incursões sazonais da Paula a Lisboa, o telefonema digestivo a seguir ao almoço, e sim, ter dois braços à minha espera no final do dia… A virtude está no meio, e no meio está a lucidez, a capacidade de gerir as nossas necessidades e desejos e perceber que se é bom viver no limite, também é saudável cultivar “rituais” pois não há melhor sensação que a segurança, o conforto dos braços, dos olhares, dos sorrisos, das palavras e dos silêncios dos contemplados dos nossos corações...

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