Enquanto esperava por ele...

Há 20 minutos que esperava sentada no banco frio da estação. Comboios chegavam e partiam de minuto a minuto ao soar de uma voz repetitiva e enfadonha enquanto que por mim, passavam gentes apressadas, cada uma com a sua história, com a sua vida e o seu pensamento (por momentos, adoraria ouvi-las pensar) .
Voz, comboio, gente, voz, comboio, gente, aquele movimento cíclico deixava-me tonta, como que hipnotizada e rapidamente senti-me desvanecer consciente e inconsciente a dentro em plena sinapse activa dos neurónios que a cada milésimo de segundo me faziam recuar num tempo que a memória recalcou e raras vezes deixa lembrar...Um tempo diferente no mesmo cenário, já estivera ali antes, naquele banco esperando por outro alguém que ficou para traz, do qual “lembrar-me-ei sempre do nome completo, da rua onde morava do número de telefone e outras coisas irrelevantes... Mas será apenas isso, mais um nome, um nome que me fará procurar sempre que o ouça na rua; uma data de aniversário, um dia em que pensarei nele, não porque ainda exista qualquer sentimento...” mas porque é sempre assim...
A memória tem destas coisas, transporta-nos para qualquer lado no espaço e no tempo à hora que quisermos (e não quisermos). E com a mesma facilidade que relembra, esquece novamente dando lugar ao presente e ao futuro .
Estivera naquele estado de consciência uns 10 minutos, a voz surgia novamente, ia-se aproximando bem como os passos apressados e o som dos comboios.
“O passado é um lugar estranho”, aqui é mais seguro...
Olhei lá para fora, ele tinha chegado enfim...*

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