Chuvinha...
Sabe bem voltar a senti-la cair lá fora enquanto cá dentro um filme passa e os amigos se amontoam nos sofás, no chão, se aninham às pernas, braços uns dos outros à procura de conforto que nunca dura muito tempo pois a agitação não pára, e prestar atenção ao filme entre pipocas, rebuçados, coca-cola e piadas é tarefa difícil. Mas sabe bem, sabe sempre bem e mais difícil ainda que ver o filme é ir embora e por isso sessões como esta duram tardes, noites inteiras...
Chuvinha, sabe bem vê-la cair daqui, e recordar-me do tudo de bom que ela evoca: o cheiro a terra molhada, aquela tarde na praia, o chá entre amigas...Eu que pensava odia-la, afinal não só gosto como sentia já a sua falta. E hoje, ao acordar, foi imediato o sorriso que esbocei inconsciente no meu rosto quando à janela vi cair gotas frescas que se aderiam em fila ao cordão do estendal antes de caírem gordas no chão, nas poças enlameadas, mesmo a apetecer chapinhar em cima delas com galochas, chapéu de chuva às bolinhas e gabardina a condizer...
...Sê bem vinda!
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