A pedido de vários leitores ( =Þ ) resolvi finalmente actualizar o meu blog . Peço desculpa aos que visitaram o blog e o encontraram “intacto” mas confesso que estas ferias resolvi aproveitar o pouco tempo que me foi dado para por a leitura em dia e para estar com amigos...
Hoje fui à Boca do inferno num tipico passeio familiar de domingo. A boca do Inferno , para os que não sabem, situa-se na costa da bela vila de Cascais, é uma reentrância da costa cercada de rochedos escarpados e de cavernas, em que o mar ao embater em dias de temporal proporciona um espectáculo admirável.
É um dos sítios que aconselho vivamente, pela beleza única e principalmente pela energia que se sente neste local ao observar a imensidão do mar contrastar com os nossos sentidos, tão pequenos perto de tamanha obra de arte...Hoje, quando sentada olhava o sol pôr-se uma vez mais no horizonte longínquo, deixei cada parte do meu corpo sentir devagar a “alma do mundo” tomar-me nos braços feitos de brisa, de luz enquanto o mar em caricias apaixonantes consumia a terra, comungando num misto de amor e violência mortíferos...
Reparei numa pedra, onde mal se liam algumas palavras :

" Não sei viver sem ti.
A outra "boca do inferno" apanhar-me-á,
não será tão quente como a tua"


Reli algumas vezes, na tentativa de melhor compreender o que significavam aquelas palavras já tão gastas, tão esquecidas....e como não podia deixar de ser descobri que na boca do inferno, como em todos os lugares eternos, há uma lenda que explica estes versos aparentemente inacabados...


Lenda da BOCA DO INFERNO


"Há muito tempo atrás, na zona que é hoje conhecida como boca do Inferno, existia um enorme castelo onde habitava um homem de aspecto feroz, que se dedicava à feitiçaria.
Um dia esse homem decidiu casar-se e, para escolher a mulher mais bela das redondezas, consultou a sua lâmina de cristal de rocha para saber qual a casa onde deveria ir buscá-la.
Quando os seus cavaleiros voltaram ficou estupefacto. A jovem era ainda mais bela do que imaginara. Ficou, imediatamente, tão ciumento que decidiu escondê-la para preservar o seu amor.
Fechou a sua mulher numa torre alta e solitária e escolheu para guardião o seu cavaleiro mais fiel. A jovem no alto da torre sentia-se tão só quanto o seu guardião. Tinham por única companhia o mar e as suas marés.
Um dia, a curiosidade do cavaleiro falou mais alto. Quem seria aquela mulher encerrada na torre há tanto tempo? Como seria? Pegou na chave e decidiu subir. Junto à porta o cavaleiro parou para recuperar o fôlego e tomar coragem. Quando a abriu ficou espantado com a beleza da prisioneira.
A partir daquele dia partilharam os momentos de solidão, nascendo, assim, um grande amor entre os dois. Decidiram fugir juntos, esquecendo-se que, através da sua magia, o feiticeiro sabia de tudo. Montaram no cavalo branco do cavaleiro e cavalgaram pelos rochedos junto ao mar.
Enquanto isso, no castelo, cheio de raiva e ciúme, o feiticeiro criou uma tempestade assustadora que fez com que os rochedos, por onde os dois amantes caminhavam, se abrissem como se fossem uma grande boca infernal. Cavalo e cavaleiros foram engolidos pelas águas, tendo desaparecido para sempre. O buraco nunca mais se fechou e o povo começou a chamar-lhe Boca do Inferno."






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