Saudades de Paris....
"Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre eguaes e sempre differentes, como, afinal, as paisagens são."
Bernardo Soares, Livro do desassossego
"Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas Confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer."
Ao som de uma guitarra...
Adormecida, como que embriagada pela doce nostalgia do inverno , aqui me deito observando a sonolência da tarde levar-me nos reflexos dourados para outros céus, que não este que se dissipa sobre mim. Submissa à melodia inebriante da saudade e, com olhar perdido permito-me, afundo-me na imensidão de sonhos disfarçados, ansiedades e desejos platonicamente escondidos, tantas vezes retraídos e acumulados na veemência da inquietação da alma e do corpo...Ah! que inoportuna é a persistência desmedida dos desejos indesejáveis...
Pego na guitarra, tentando esquecer-me do mundo e do tempo que não passa, pesa-me nas mãos Cansadas de carregar tantos livros, tantos dias...Esboço um som inicialmente estranho e continuo arranhando as preocupações como uma musica inacabada e sem sentido. Apetecia-me ouvir-te tocar amigo....
Amigo
"Oiço a tua guitarra tocar, dedicação, paixão.
Pela música, pela nossa amizade.
Sem dar-mos por isso, evoluímos.
A música é cúmplice, as letras partilhadas.
Como costumamos cantar:
"Vivemos com arte criamos a nossa parte"
É um projecto, com um nome hilariante
como nós? Sim, como nós!
Seremos o que queremos
"Persistência é uma virtude
Que junto à música me faz sorrir"
São mais que ilusões, digo-te
E deste carrocel em que juntos estamos,
juntos sairemos,
com um sorriso maior do qu entramos
"Sem medo de qualquer papão
Vamos de peito firme"
Obrigado por existires, Tiago Caseiro."
Escrito por : O Disperso
Faço minhas as tuas palavras Disperso...
Adormecida, como que embriagada pela doce nostalgia do inverno , aqui me deito observando a sonolência da tarde levar-me nos reflexos dourados para outros céus, que não este que se dissipa sobre mim. Submissa à melodia inebriante da saudade e, com olhar perdido permito-me, afundo-me na imensidão de sonhos disfarçados, ansiedades e desejos platonicamente escondidos, tantas vezes retraídos e acumulados na veemência da inquietação da alma e do corpo...Ah! que inoportuna é a persistência desmedida dos desejos indesejáveis...
Pego na guitarra, tentando esquecer-me do mundo e do tempo que não passa, pesa-me nas mãos Cansadas de carregar tantos livros, tantos dias...Esboço um som inicialmente estranho e continuo arranhando as preocupações como uma musica inacabada e sem sentido. Apetecia-me ouvir-te tocar amigo....
Amigo
"Oiço a tua guitarra tocar, dedicação, paixão.
Pela música, pela nossa amizade.
Sem dar-mos por isso, evoluímos.
A música é cúmplice, as letras partilhadas.
Como costumamos cantar:
"Vivemos com arte criamos a nossa parte"
É um projecto, com um nome hilariante
como nós? Sim, como nós!
Seremos o que queremos
"Persistência é uma virtude
Que junto à música me faz sorrir"
São mais que ilusões, digo-te
E deste carrocel em que juntos estamos,
juntos sairemos,
com um sorriso maior do qu entramos
"Sem medo de qualquer papão
Vamos de peito firme"
Obrigado por existires, Tiago Caseiro."
Escrito por : O Disperso
Faço minhas as tuas palavras Disperso...
hummm....
Estava a ler o ultimo post da yuks intitulado “desodorizante para livros”.
Pois bem, eu sou uma dessas pessoas que não dispensam o cheiro dos livros tradicionais, o folhear ruidoso das paginas tingidas e ás vezes tão frágeis, desgastadas pelo o tempo...
Nada tenho contra e-books, a escolha literária é feita mediante as vontades de cada um e como tal, qualquer hipótese é valida quando o desejo é um só : Ler. Mas confesso que tenho uma paixão já antiga pelos livros, não há nada como poder riscar , sublinhar as páginas e quase rasga-las pela emoção que em alguns livros se sente á flor da pele. Melhor ainda é pedir livros emprestados sem nunca os devolver, e emprestar novamente a alguém ficando em cada livro para alem da sua, as histórias de todos os que a desfrutaram e nela deixaram as suas marcas... Este é o delicioso “poder” dos livros, e dele nunca abdicarei.
Estava a ler o ultimo post da yuks intitulado “desodorizante para livros”.
Pois bem, eu sou uma dessas pessoas que não dispensam o cheiro dos livros tradicionais, o folhear ruidoso das paginas tingidas e ás vezes tão frágeis, desgastadas pelo o tempo...
Nada tenho contra e-books, a escolha literária é feita mediante as vontades de cada um e como tal, qualquer hipótese é valida quando o desejo é um só : Ler. Mas confesso que tenho uma paixão já antiga pelos livros, não há nada como poder riscar , sublinhar as páginas e quase rasga-las pela emoção que em alguns livros se sente á flor da pele. Melhor ainda é pedir livros emprestados sem nunca os devolver, e emprestar novamente a alguém ficando em cada livro para alem da sua, as histórias de todos os que a desfrutaram e nela deixaram as suas marcas... Este é o delicioso “poder” dos livros, e dele nunca abdicarei.
Como é estranho o tempo...
Há uns dias pensava eu como é estranho uma coisa tão linear como tempo ser definida pelo o movimento cíclico de um relógio, admirável contradição esta.
O relógio é sem duvida um objecto indispensável e muito útil em qualquer situação, mas seremos nós escravos do relógio?
Sim somos, é impossível não o ser já que o tempo é a matéria prima da qual são feitas as nossas vidas, tornámo-nos escravos de uma ideia de tempo criada por nós...
Por outro lado, viver equilibradamente nesta sociedade moderna (e cada vez mais exigente), significa estar em sincronismo com diversos sistemas que tendem a controlar os nossos ritmos diários, sistemas esses baseados fundamentalmente no tempo ,daí a nossa total submissão ao tempo e ao relógio. (Imaginem agora que os relógios paravam sem arranjo possível, é quase inimaginável ...) . É inegável a importância e a necessidade desta submissão abstracta e simultaneamente concreta...Portanto , esta relação, Homem - relógio, relógio - tempo, é uma forma de simbiose uma vez que a invenção do tempo se deve ao homem e um não existe sem o outro embora hoje , seja a invenção quem controla o próprio inventor (virou-se o feitiço contra o feiticeiro).
No entanto, apesar do incontestável carácter linear do tempo tudo se torna relativo quando se remete para a esfera das emoções, das memórias e dos sentimentos. Nas nossas vidas os minutos, as horas, os momentos existem despercebidamente cobertos na nossa ânsia, sucedem-se irepetidamente, sempre com uma duração enganosamente diferente. O tempo parece não correr da mesma maneira quando o prazer e o desejo se conjugam, quando as vontades se misturam nos sentimentos alterando, desafiando o tempo com o descaramento típico dos sentimentos que se escoam nos corpos de quem os sente. E mesmo nestas alturas, somos atraiçoados pelo tempo, pois é quando fazemos coisas das quais retiramos algum prazer e quando estamos com pessoas que nos arrancam sorrisos que o tempo foge , passando por nós velozmente e nós passando por ele sem o agarrar. E o que era presente, passa a recordação, o que era instante torna-se eterno, pois nada há mais imortal que a fragilidade cristalina das memórias. A memória é livre, nela o tempo torna-se intemporal sucumbindo a selvagem vontade da consciência que manipula tudo o quanto nela existe a seu belo prazer...
E já sem tempo para mais palavras ,aqui me deixo neste pedaço de tempo que agora termina.
Há uns dias pensava eu como é estranho uma coisa tão linear como tempo ser definida pelo o movimento cíclico de um relógio, admirável contradição esta.
O relógio é sem duvida um objecto indispensável e muito útil em qualquer situação, mas seremos nós escravos do relógio?
Sim somos, é impossível não o ser já que o tempo é a matéria prima da qual são feitas as nossas vidas, tornámo-nos escravos de uma ideia de tempo criada por nós...
Por outro lado, viver equilibradamente nesta sociedade moderna (e cada vez mais exigente), significa estar em sincronismo com diversos sistemas que tendem a controlar os nossos ritmos diários, sistemas esses baseados fundamentalmente no tempo ,daí a nossa total submissão ao tempo e ao relógio. (Imaginem agora que os relógios paravam sem arranjo possível, é quase inimaginável ...) . É inegável a importância e a necessidade desta submissão abstracta e simultaneamente concreta...Portanto , esta relação, Homem - relógio, relógio - tempo, é uma forma de simbiose uma vez que a invenção do tempo se deve ao homem e um não existe sem o outro embora hoje , seja a invenção quem controla o próprio inventor (virou-se o feitiço contra o feiticeiro).
No entanto, apesar do incontestável carácter linear do tempo tudo se torna relativo quando se remete para a esfera das emoções, das memórias e dos sentimentos. Nas nossas vidas os minutos, as horas, os momentos existem despercebidamente cobertos na nossa ânsia, sucedem-se irepetidamente, sempre com uma duração enganosamente diferente. O tempo parece não correr da mesma maneira quando o prazer e o desejo se conjugam, quando as vontades se misturam nos sentimentos alterando, desafiando o tempo com o descaramento típico dos sentimentos que se escoam nos corpos de quem os sente. E mesmo nestas alturas, somos atraiçoados pelo tempo, pois é quando fazemos coisas das quais retiramos algum prazer e quando estamos com pessoas que nos arrancam sorrisos que o tempo foge , passando por nós velozmente e nós passando por ele sem o agarrar. E o que era presente, passa a recordação, o que era instante torna-se eterno, pois nada há mais imortal que a fragilidade cristalina das memórias. A memória é livre, nela o tempo torna-se intemporal sucumbindo a selvagem vontade da consciência que manipula tudo o quanto nela existe a seu belo prazer...
E já sem tempo para mais palavras ,aqui me deixo neste pedaço de tempo que agora termina.
PROBLEMA DE EXPRESSÃO
"Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.
Devia ser como no cinema,
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém.
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.
Só pra dizer que te Amo
Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo.
E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.
E é tão difícil dizer amor,
É bem melhor dizê-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto. "
Carlos Tê
"Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.
Devia ser como no cinema,
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém.
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.
Só pra dizer que te Amo
Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo.
E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.
E é tão difícil dizer amor,
É bem melhor dizê-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto. "
Carlos Tê
Não havia necessidade
Espanta-me o modo como algumas pessoas se refugiam no egocentrismo e se idolatram constantemente. Esta é mais uma forma de defesa criada pela necessidade irracional de nos sentirmos superiores relativamente a todos os outros. No fundo a exagerada importância dada a própria pessoa só revela fragilidade e uma excessiva ou pelo contrario inexistente oferta de...( É incrível como um mesmo comportamento pode ser originado por duas variantes de um mesmo “estimulo”)
Mas porquê a necessidade de superioridade? Porque é tão insuficiente a ideia de igualdade? A verdade é que actualmente é a sociedade que praticamente nos “obriga” à sobreposição caso contrario somos segregados. Já dizia Darwin “Apenas os mais aptos sobrevivem” ou seja ,a ideia de superioridade está implícita inclusive na força bruta da natureza ,e dado que a sobrevivência é a fonte que rege os nossos instintos talvez seja por isso que surgem os egocentrismos, afinal primeiramente somos animais...
O grande problema prende-se com o facto do egocentrismo exacerbado estar na origem dos etnocentrismos e das crenças na superioridade do povo a que se pertence, acompanhada de sentimento de menosprezo por padrões culturais que se afastam da posição cultural do observador. Assim nasce o racismo e todas as suas vertentes completamente desnecessárias num Mundo longe de ser perfeito...
A atitude racista parece-me uma realidade na vida dos indivíduos e dos grupos e essa foi umas das razões pela qual os Alemães nazis, em nome de um preconceito de superioridade , exterminaram milhões de judeus. A propósito, recentemente vi um filme do realizador polaco Roman Polanski, O pianista que retracta exactamente e com pormenores minuciosamente descritos a historia de um pianista que sobreviveu ao holocausto e assistiu à deportação de toda a sua família para os campos de concentração nazis. É um bom filme de guerra, um drama que choca pelo realismo com que são mostradas as cenas mais perturbadoras que a maioria dos realizadores americanos tenta evitar...
Espanta-me o modo como algumas pessoas se refugiam no egocentrismo e se idolatram constantemente. Esta é mais uma forma de defesa criada pela necessidade irracional de nos sentirmos superiores relativamente a todos os outros. No fundo a exagerada importância dada a própria pessoa só revela fragilidade e uma excessiva ou pelo contrario inexistente oferta de...( É incrível como um mesmo comportamento pode ser originado por duas variantes de um mesmo “estimulo”)
Mas porquê a necessidade de superioridade? Porque é tão insuficiente a ideia de igualdade? A verdade é que actualmente é a sociedade que praticamente nos “obriga” à sobreposição caso contrario somos segregados. Já dizia Darwin “Apenas os mais aptos sobrevivem” ou seja ,a ideia de superioridade está implícita inclusive na força bruta da natureza ,e dado que a sobrevivência é a fonte que rege os nossos instintos talvez seja por isso que surgem os egocentrismos, afinal primeiramente somos animais...
O grande problema prende-se com o facto do egocentrismo exacerbado estar na origem dos etnocentrismos e das crenças na superioridade do povo a que se pertence, acompanhada de sentimento de menosprezo por padrões culturais que se afastam da posição cultural do observador. Assim nasce o racismo e todas as suas vertentes completamente desnecessárias num Mundo longe de ser perfeito...
A atitude racista parece-me uma realidade na vida dos indivíduos e dos grupos e essa foi umas das razões pela qual os Alemães nazis, em nome de um preconceito de superioridade , exterminaram milhões de judeus. A propósito, recentemente vi um filme do realizador polaco Roman Polanski, O pianista que retracta exactamente e com pormenores minuciosamente descritos a historia de um pianista que sobreviveu ao holocausto e assistiu à deportação de toda a sua família para os campos de concentração nazis. É um bom filme de guerra, um drama que choca pelo realismo com que são mostradas as cenas mais perturbadoras que a maioria dos realizadores americanos tenta evitar...
More than words....
Na sala quase sem luz,
O som do piano na televisão,
O corpo ressacado, amordaçado pela paixão
A pele Morena, salgada, cansada, amena e arrepiada
No sofá estreito, onde sem medo se senta a entrega e o desejo
lado a lado, consumindo-se, dominando-se, saciando-se
selvagens companheiros, doces, ternos,
eternos instantes os poucos que partilham, intensos
inesquecíveis os caminhos percorridos pelas mãos
despidas nas costas largas como praias esquecidas
e mares ondulantes os que te traço....
A pedido de vários leitores ( =Þ ) resolvi finalmente actualizar o meu blog . Peço desculpa aos que visitaram o blog e o encontraram “intacto” mas confesso que estas ferias resolvi aproveitar o pouco tempo que me foi dado para por a leitura em dia e para estar com amigos...
Hoje fui à Boca do inferno num tipico passeio familiar de domingo. A boca do Inferno , para os que não sabem, situa-se na costa da bela vila de Cascais, é uma reentrância da costa cercada de rochedos escarpados e de cavernas, em que o mar ao embater em dias de temporal proporciona um espectáculo admirável.
É um dos sítios que aconselho vivamente, pela beleza única e principalmente pela energia que se sente neste local ao observar a imensidão do mar contrastar com os nossos sentidos, tão pequenos perto de tamanha obra de arte...Hoje, quando sentada olhava o sol pôr-se uma vez mais no horizonte longínquo, deixei cada parte do meu corpo sentir devagar a “alma do mundo” tomar-me nos braços feitos de brisa, de luz enquanto o mar em caricias apaixonantes consumia a terra, comungando num misto de amor e violência mortíferos...
Reparei numa pedra, onde mal se liam algumas palavras :
" Não sei viver sem ti.
A outra "boca do inferno" apanhar-me-á,
não será tão quente como a tua"
Reli algumas vezes, na tentativa de melhor compreender o que significavam aquelas palavras já tão gastas, tão esquecidas....e como não podia deixar de ser descobri que na boca do inferno, como em todos os lugares eternos, há uma lenda que explica estes versos aparentemente inacabados...
Lenda da BOCA DO INFERNO
"Há muito tempo atrás, na zona que é hoje conhecida como boca do Inferno, existia um enorme castelo onde habitava um homem de aspecto feroz, que se dedicava à feitiçaria.
Um dia esse homem decidiu casar-se e, para escolher a mulher mais bela das redondezas, consultou a sua lâmina de cristal de rocha para saber qual a casa onde deveria ir buscá-la.
Quando os seus cavaleiros voltaram ficou estupefacto. A jovem era ainda mais bela do que imaginara. Ficou, imediatamente, tão ciumento que decidiu escondê-la para preservar o seu amor.
Fechou a sua mulher numa torre alta e solitária e escolheu para guardião o seu cavaleiro mais fiel. A jovem no alto da torre sentia-se tão só quanto o seu guardião. Tinham por única companhia o mar e as suas marés.
Um dia, a curiosidade do cavaleiro falou mais alto. Quem seria aquela mulher encerrada na torre há tanto tempo? Como seria? Pegou na chave e decidiu subir. Junto à porta o cavaleiro parou para recuperar o fôlego e tomar coragem. Quando a abriu ficou espantado com a beleza da prisioneira.
A partir daquele dia partilharam os momentos de solidão, nascendo, assim, um grande amor entre os dois. Decidiram fugir juntos, esquecendo-se que, através da sua magia, o feiticeiro sabia de tudo. Montaram no cavalo branco do cavaleiro e cavalgaram pelos rochedos junto ao mar.
Enquanto isso, no castelo, cheio de raiva e ciúme, o feiticeiro criou uma tempestade assustadora que fez com que os rochedos, por onde os dois amantes caminhavam, se abrissem como se fossem uma grande boca infernal. Cavalo e cavaleiros foram engolidos pelas águas, tendo desaparecido para sempre. O buraco nunca mais se fechou e o povo começou a chamar-lhe Boca do Inferno."
Hoje fui à Boca do inferno num tipico passeio familiar de domingo. A boca do Inferno , para os que não sabem, situa-se na costa da bela vila de Cascais, é uma reentrância da costa cercada de rochedos escarpados e de cavernas, em que o mar ao embater em dias de temporal proporciona um espectáculo admirável.
É um dos sítios que aconselho vivamente, pela beleza única e principalmente pela energia que se sente neste local ao observar a imensidão do mar contrastar com os nossos sentidos, tão pequenos perto de tamanha obra de arte...Hoje, quando sentada olhava o sol pôr-se uma vez mais no horizonte longínquo, deixei cada parte do meu corpo sentir devagar a “alma do mundo” tomar-me nos braços feitos de brisa, de luz enquanto o mar em caricias apaixonantes consumia a terra, comungando num misto de amor e violência mortíferos...
Reparei numa pedra, onde mal se liam algumas palavras :
" Não sei viver sem ti.
A outra "boca do inferno" apanhar-me-á,
não será tão quente como a tua"
Reli algumas vezes, na tentativa de melhor compreender o que significavam aquelas palavras já tão gastas, tão esquecidas....e como não podia deixar de ser descobri que na boca do inferno, como em todos os lugares eternos, há uma lenda que explica estes versos aparentemente inacabados...
Lenda da BOCA DO INFERNO
"Há muito tempo atrás, na zona que é hoje conhecida como boca do Inferno, existia um enorme castelo onde habitava um homem de aspecto feroz, que se dedicava à feitiçaria.
Um dia esse homem decidiu casar-se e, para escolher a mulher mais bela das redondezas, consultou a sua lâmina de cristal de rocha para saber qual a casa onde deveria ir buscá-la.
Quando os seus cavaleiros voltaram ficou estupefacto. A jovem era ainda mais bela do que imaginara. Ficou, imediatamente, tão ciumento que decidiu escondê-la para preservar o seu amor.
Fechou a sua mulher numa torre alta e solitária e escolheu para guardião o seu cavaleiro mais fiel. A jovem no alto da torre sentia-se tão só quanto o seu guardião. Tinham por única companhia o mar e as suas marés.
Um dia, a curiosidade do cavaleiro falou mais alto. Quem seria aquela mulher encerrada na torre há tanto tempo? Como seria? Pegou na chave e decidiu subir. Junto à porta o cavaleiro parou para recuperar o fôlego e tomar coragem. Quando a abriu ficou espantado com a beleza da prisioneira.
A partir daquele dia partilharam os momentos de solidão, nascendo, assim, um grande amor entre os dois. Decidiram fugir juntos, esquecendo-se que, através da sua magia, o feiticeiro sabia de tudo. Montaram no cavalo branco do cavaleiro e cavalgaram pelos rochedos junto ao mar.
Enquanto isso, no castelo, cheio de raiva e ciúme, o feiticeiro criou uma tempestade assustadora que fez com que os rochedos, por onde os dois amantes caminhavam, se abrissem como se fossem uma grande boca infernal. Cavalo e cavaleiros foram engolidos pelas águas, tendo desaparecido para sempre. O buraco nunca mais se fechou e o povo começou a chamar-lhe Boca do Inferno."
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