Desfaleci exausta na cama abandonada, larguei meu peso, espessura e forma sobre os lençóis envelhecidos, consumidos e depressa a noite se desdobrou na minha pele ainda com vestígios do dia que agora eu via dissipar lento e sereno nas paredes do meu quarto.
Contagiada pela sonolência tardia, movia apenas os olhos procurando algo que me alimenta-se o ócio que se instalava no corpo e lá estava no cinzeiro, um cigarro que ficou esquecido. Reacendi-o e por instantes limitei-me apenas a olhar aquela cinza que devagar se consumia sozinha...(“ás vezes somos como cigarros” pensei, “se nos acendem, ou somos consumidos ou consumimo-nos nós até já não haver “mais papel e químicos” por onde arder” ) . Num excesso de qualquer coisa, levei-o aos lábios sorvendo, em câmara lenta (como na TV) daquele fumo a cinzenta satisfação que lentamente se estendia do corpo a alma numa dormência que me congestionava os pensamentos e evocava memórias longínquas, dias remotos e sentimentos condenados à saudade eterna da melancolia...
Malditos "papel e quimicos"...
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