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Sento-me na janela e fumo um cigarro devagar. O jorge palma canta baixinho, no concerto mais pequeno do mundo, e a vela arde tão devagar quanto o fumo que serpenteia janela fora...
"Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas Confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer."
Se dedicasse alguma coisa a alguém, seria à minha mãe. A minha mãe é sem a menor sombra de dúvida a pessoa que eu mais admiro. Não, não sou menina da mamã, , mas olho para ela e sinto-me orgulhosa de a ter por perto. E admiro-a por ser lutadora, por ter tido a coragem, a ousadia de vir para a grande cidade tirar um curso superior (na altura não era assim tão usual-talvez também por isso houvesse mais emprego, mas isso são outras conversas) e trabalhar ao mesmo tempo, comprar uma casa, criar uma filha. Tudo isto sem nunca deixar de ser genuína, simples e sem se achar mais que ninguém. Mas para mim é mais que muita gente. É o exemplo do que deve ser uma mulher contemporânea independente e com ambição (diferente de ser gananciosa). Obrigada mãe, já não se fazem pessoas como tu e eu só sou o que sou hoje graças a ti. Desculpa qualquer coisa, as birras e as chatices, as noitadas e o quarto (por vezes) desarrumado. Eu amo-te muito e nem sempre sei como demonstra-lo. Hoje faço-o desta maneira.
Pode ser que um dia te orgulhes de mim como eu me orgulho de ti.