Tu, amiga...
Prelucida de pele morena
Navegas em sonhos sem fim
De olhar profundo e rasgado
Chegaste até aqui enfim.
Uma alma sem resguardo
As lágrimas pulsam-te de dentro
Liberta o teu coração
Não o prendas no teu centro.
Tens o mundo na tua mão
Uma caneta de palavras optativa
E com as tuas letras
Embriagas tudo de forma imaginativa.
Tu, amiga...
Que te tornaste?
Tenho saudades...
Da tua pessoa
Mas desta de agora
Que em mim soa
E ainda nem a conheço.
Sara Gomes
Desfaço-me em saudade quando “te leio”...Vêem-me à memória os fins de tarde que começavam no miradouro de Almada, de partida para os cacilheiros e terminavam Lisboa fora...Eu, tu e a Margarida, quais Femmes fatales. Passeavamo-nos exuberantes chiado acima, entrando e saindo em qualquer loja que nos despertasse interesse, rindo e experimento tudo o que de mais esquisito encontrássemos pendurado nos cabides. As livrarias não eram excepção, páginas e páginas de amor e cumplicidade que deixamos esborratadas pelas estantes envelhecidas...- “O Cheiro dos livros é um afrodisíaco à leitura”- segredei para mim numa dessas romarias.
Eram fins de tarde memoráveis que não acabavam sem o nosso aromático chá e sem os chocolates que saboreávamos secretamente num ritual singular que passava despercebido entre o cheiro a nicotina, o perfume adocicado das ervas e as alongadas conversas sobre tudo e sobre nada, conversas altamente terapêuticas sem as quais dificilmente sobreviveríamos “lá fora”. Era bom esse tempo que sobrava e que soubemos aproveitar ao máximo...agora todo o tempo é pouco quando a saudade é infinita...
Se mudei? Provavelmente, mas nenhuma mudança terá sido tão acentuada que abale o quanto tu/ vocês me conhecem...“eu estou aqui” e estarei sempre para ti, para vocês minhas Queridas.*