Arrumações
Estava deitada na cama quando, de olhar ensonado reparei nalgumas gavetas que derepente imergiram do panorama azul do meu quarto. Há muito que não reparava nelas, na verdade já não me lembrava sequer da sua existência...
Ajoelhei-me de modo a abrir novamente as gavetas que da ultima vez me davam pela cintura - “Como eu cresci...” - e a realidade é que só agora me apercebo da velocidade com que isso aconteceu...provavelmente com a rapidez (ou lentidão) com que se deixaram de abrir estas gavetas, numa proporção inversa na qual a constante não é nenhuma a não ser a espessa camada de pó acumulado...
(É sempre uma viagem, e são sempre inesperadas as recordações que uma gaveta abandonada pode trazer. )
No seu interior, lápis de cor, revistas antigas (a rua sesamo), diários, desenhos infantis como a “A historia da sereia Sofia” em banda desenhada by Andreia, Ilustrada e rabiscada (lol). Fez-me lembrar daquele tempo em que o meu pai parecia ser o Super Homem, capaz de tudo proteger, e a minha Mãe, a fada madrinha com a solução para todos os meus problemas. Foi duro, aperceber-me de que os meus pais não passavam de seres humanos exactamente iguais a mim, com defeitos, qualidades e a argamassa comum a qualquer um de nós...mas eu não sou igual a eles, nem igual ao que eles sonharam que eu fosse mas estou aqui...Como esta, foram muitas as descobertas e consequentes desilusões que a infância deixou para traz quando a adolescência chegou... Mas fico-me por aqui =Þ
PS: O dia dos namorados já passou “uff”. Que me desculpem os namorados mas detesto este dia...dias especiais só aqueles que nos pertencem somente.